quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Entrevista a Pedro L. Torres


Pedro L. Torres nasceu no Porto em 1979, onde vive. Licenciou-se em Engenharia Electrónica e Telecomunicações pela Universidade de Aveiro. Passou por diferentes indústrias, trabalhando actualmente na área dos materiais. Publicou diversos contos em revistas literárias. "Isabel, a Condessa Cercada" é o seu primeiro romance.

Fale-nos um pouco sobre si.
Sou um português de trinta e quatro anos, que vive no Porto, com interesses diversos que me levaram a concluir estudos superiores em engenharia, área onde trabalho. As letras sempre foram porém uma área onde tenho uma certa aptidão natural. Durante a escola servia-me dessa aptidão apenas para tirar boas notas sem estudar. No primeiro ano da faculdade, numa noite em que estudava na biblioteca, peguei no Primo Basílio, que estava na prateleira atrás de mim, para distrair a cabeça dos exercícios de física. Tudo começou aí. Li a obra inteira do Eça nos meses seguintes (Os Maias incluído, aos quais tinha escapado no secundário), e depois vieram toda uma série de autores portugueses e estrangeiros que fui descobrindo, e continuo a descobrir.

Como entrou a escrita no seu dia-a-dia?
A escrita surgiu como uma necessidade de cumprir algo, ainda que não tivesse um objectivo definido. Começou em folhas soltas de papel, onde escrevia ideias soltas, pequenos versos, e lentamente – acompanhado pela leitura constante e pela própria experiência de vida – tornou-se num processo mais estruturado, e sobretudo ambicioso, no sentido em que sentia uma vontade permanente de testar as minhas capacidades, à medida que se desenvolviam. 

Como se sentiu ao tornar-se um autor publicado?
Esse era um… devaneio? Muito presente enquanto escrevia este primeiro romance. Sonhava com esse momento da publicação, à semelhança da maior parte das pessoas que escrevem, creio. Decididamente há um antes e um depois, não necessariamente melhor. A publicação no meu caso significou uma revelação desta minha actividade para muita gente próxima. Sempre mantive a escrita como algo íntimo e secreto. 

Identifica-se com alguma das suas personagens?
Nenhuma é inspirada em mim, e no entanto todas terão algo meu, ainda que essa transmissão seja feita de um modo inconsciente. Procurar essas características nas personagens seria um exercício de passagem da criação literária para a vida real, o que é contrário ao processo de escrita. As minhas personagens têm a sua própria vida, no seu próprio mundo, um mundo muito próximo deste, levemente distorcido. Um mundo onde eu não tenho lugar.

Quais são as suas referências e inspirações enquanto escreve?
Enquanto escrevo procuro ler obras e autores que não me influenciem o trabalho no momento. O ideal é mesmo ler obras de não ficção, ou autores e temas que considero neutros, ou seja, que não interferem com a minha escrita. Dito isto, considero fundamental a leitura dos clássicos. São obras que nos enriquecem enquanto humanos, transforma-nos em seres maiores, conscientes de uma forma apurada da vida.

Qual é que acha que é o papel da blogosfera em geral na divulgação literária?
Creio que deve ser uma plataforma de encontro entre leitores, editoras, e autores. É uma via de divulgação de novas obras por excelência, e tem a possibilidade (a par das redes sociais) de promover a discussão e troca de ideias entre os amantes dos livros. O Bloco de Devaneios é um excelente exemplo deste tipo de divulgação e interacção.

Apesar de o livro ter saído recentemente, tem recebido feedback dos seus leitores?
Até agora tenho recebido algumas reacções muito positivas sobre o meu trabalho. O feedback dos leitores é algo de enorme importância, porque afinal de contas, a história pertence a quem a lê, e é feita da forma como a interpreta e vive. Eu apenas a escrevi.

Tem algum plano literário para o futuro? 
Sim, vários. Continuo sempre a escrever, a pôr à prova as minhas capacidades e a explorá-las através da ficção. A criação literária é algo que preciso de fazer, ainda que muitas vezes seja dura e cheia de frustrações. O romance é um colosso feito de sacrifício, ao qual me quero entregar sempre, sem hesitações.

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